terça-feira, junho 26, 2007

Tarantino Who?


:O


O Evangelho Segundo Alan Moore

Existe a voz da personalidade com a qual falamos com nossos colegas, existe a voz com a qual falamos com os nossos pais, com as pessoas que amamos, e assim por diante, mas isso ainda são apenas quatro ou cinco facetas. Nós poderíamos ter polido quaisquer dessas facetas, então eu acho que nós todos temos todo um elenco em potencial dentro de nós, nós somos apenas aqueles nos quais focamos. Então essa é a maneira através da qual eu sempre lidei com caracterização.
Minha teoria da personalidade humana é de que todo mundo tem uma espécie de gema com um milhão de facetas em algum lugar dentro de si e, quando nós construímos nossa própria personalidade, nós simplesmente polimos quatro ou cinco dessas milhões de facetas.

Wise man.

Eu estou convencido que se você olhasse no coração de todo mundo, no planeta, é muito provável que você iria achar algo lá que você poderia amar, algo que você poderia respeitar. Pode haver uma enorme massa de coisas que são absolutamente horríveis, mas eu estou convencido que em todo mundo há um fragmento de algo pelo qual você pode sentir simpatia, que você pode olhar para alguém que se tornou um monstro e voltar a algum ponto na infância deles e pensar “Bem, você também não teve muita chance não é mesmo? Você tomou algumas decisões ruins, eles estavam olhando ao redor de você para te dar as pistas certas, e você terminou como um monstro imperdoável”. Eu acho que isso é importante. Você tem que ter simpatia pela pior das criaturas se quiser ser um escritor bem sucedido.
Wise man indeed.
Trechos extraidos de www.omelete.com.br, entrevista com Alan Moore.

segunda-feira, junho 25, 2007

Pausa para os comerciais


sexta-feira, junho 22, 2007

Natal é um baú de tesouros


quinta-feira, junho 14, 2007

Clique, Aumente, e por aí vai.


terça-feira, junho 12, 2007

Vítima de mau trabalho de carpintaria

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domingo, junho 10, 2007

Tudo aquilo que você não deixa pra trás




Recentemente tive uma discussão com um amigo sobre o câncer tenebroso do capitalismo (ou talvez um dos muitos, na opinião dele), em uma conversa curta e trivial.

Ele ia - a essa altura imagino que já foi - viajar, e me perguntou o que eu - supostamente um grande viajante - levava em minhas viagens. Livros, toalha, dinheiro, celular. Sim, roupa, claro. Palavras-cruzadas, mas isso eu compro no aeroporto. Minhas fiéis havaianas, um par de tênis, um par de sapatos. E meu fiel e aguerrido mp3 player.

Sobre este último ítem ele fez um comentário que me foi inusitado: "não preciso disso". "Mas como, você não ouve música?". "Não assim". "Mas deveria ouvir, é uma boa". "Não vou comprar uma coisa que não preciso, é esse o péssimo costume de comprar coisas que você não precisa e torná-las indispensáveis."

Dos livros que li ultimamente, três me brindaram com metáforas perfeitas, se é que isso existe. Se existir - o que implica em dizer que na verdade são traduções de mensagens tênues - elas o são, se não, digamos que elas são adequadas pra caramba.

As três são bem simples. Primeiro aquela que dá o título ao Apanhador no Campo de Centeio (J.D. Salinger), que não vou explicar, por não estar convencido que sabê-la de antemão estragaria ou não o livro. Na dúvida, no spoilers.

A segunda é a dualidade filosófica contemporânea entre o leve e o pesado, da Insustentável Leveza do Ser (Milan Kundera), que eu acho que até já mencionei aqui. Em curtos traços, segundo Kundera, a filosofia já enveredou por todo tipo de opostos para analisar a realidade. Desde os elementos (fogo, água, vento, etc) dos pré-socráticos, até a ética e moral, bem e mal, preto e branco, etc, etc etc. E hoje a grande questão recairia sobre o confronto entre o leve - uma vida sem responsabilidades, dionisíaca, hedonista, superficial - e o pesado - uma vida com preocupações, objetivos, responsabilidades e profundidade. Enquanto a leveza do ser se mostra insustentável, como o título denuncia, há de se manter um equilíbrio.

A terceira é de um livro que ainda nem li inteiro. Desde que ganhei ele está emprestado, só li as primeiras cinco folhas, ou mais exatamente, até esta bendita metáfora. N'A Paixão segundo G.H., Clarice Lispector discorre sobre o que ela chama de "A terceira perna". Isso seria algo com o qual você está acostumado, e subitamente se vê privado, como se tivesse uma terceira perna, com a qual fosse acostumado a andar, e então, subitamente, se tornasse um bípede atabalhoado, tropeçando pelos cantos, se perguntando como alguém consegue tolerar essa invalidez.

Imagino comigo quantas terceiras pernas nós temos. Aquela camisa velha que provavelmente nem cabe mais em você, seus ideais comunistas de um mundo melhor, um amor mal-interpretado que rende um mar de auto-complacência, os entes queridos que simplesmente um dia se vão, um desejo que você nutria com convicção mas fracassou, um blog que você acompanha religiosamente, ou uma música que fala de forma tão banal sobre todas aquelas coisas que você não consegue deixar pra trás. São sintomas, reflexos, de uma realidade apensa à sua, não eram originalmente seus, mas por uso e cotidiano, se tornam uma terceira perna cuja amputação dói e causa um sofrimento não só no instante, mas durante algum bom tempo, no qual mesmo diante da ausência da sua "perna", subsiste a lembrança, o que por si pode se constituir em uma lembrança metafuncional, um memento de uma lembrança, que serve de relicário pra que você não se esqueça que dentro dele existe uma memória.

Eu não tenho certeza se esses corpos estranhos em nossa constituição realmente são o que dizem ser. E nisso eu discordo do meu amigo sobre a importância que ele dá ao Mp3 player, assim como ao consumismo capitalista e seus fenômenos sociais congêneres. Salvo exceções extremadas - obrigado, senhor, mas eu REALMENTE não vejo utilidade pra um rifle de matar morsas, SÉRIO - todas estas coisas podem se tornar algo mais caro, quase parte de você. A dor remanescente da perda nos faz questionar se o que lateja é o vício gritando pra ser satisfeito ou é o seu ser que já não se encontra mais, nem se identifica mais sem aquele fator anexo. A linha que define o que somos nós se tornou difusa. E isso não é necessariamente ruim.

Quando nos enchemos de penduricalhos, comerciáveis ou não - sabia que eu sempre espirro três vezes? - nós crescemos. Mas passamos a depender mais, e nos sujeitamos à perda, à dor excruciante que é um dia qualquer se ver alijado de um costume, de um amigo, de uma lembrança. Sem os quais seríamos menos frágeis, mas indignos de um post de blog ou de uma canção pra se ouvir em qualquer lugar e se lembrar de casa. Já não haveria nada pra sentir saudades. E isso você leva para sempre.

quarta-feira, junho 06, 2007

Acústico