quarta-feira, dezembro 06, 2006

Everybody wants to rule the world


Dos hábitos que mantenho religiosamente através dos anos, poucos guardo com tanto fervor quanto o de não assistir à MTV. Conheci a MTV já em idade avançada, por volta de 1998, e desisti de assistir em 2001. Comecei porque todo mundo da minha idade assistia e eu ficava sem assunto. Parei porque todo mundo só sabia falar de Backstreet Boys, e isso não é assunto que se preze. Neste intervalo eu admito que fui bem eclético - chegando a ser eclético até demais, eu admito - e curtia todo tipo de porcaria que me cuspiam na MTV. Pode perguntar, eu sei qualquer música de boyband decorada. Músicas como Pink e I Don't Wanna Miss a Thing são clássicos que eu nunca vou esquecer. Curiosamente foi através da MTV e de clipes como Busca Vida e - suspiro - Hoje à Noite Não Tem Luar (esse mesmo) que eu comecei a conhecer as bandas mais clichês da música brasileira. Isso só pra citar exemplos pontuais e da minha época. Por um curto espaço de tempo a MTV fez parte da minha vida.

Hoje o diretor de programação da MTV, Zico Góes, declarou à imprensa que a MTV não vai mais exibir videoclipes. Ele argumenta que na conjuntura atual, em que YouTubes dão a cada um a oportunidade de ver clipes como quiserem, a insistência desse formato na TV é caduca. A MTV só exibirá clipes que estiverem inclusos dentro de programas, e cederá mais espaço aos programas de comportamento.

Eu não gosto de chamar os outros de burros - o burro pode muito bem sou eu por não conseguir enxergar uma verdade universal inegável que motive um comportamento no mínimo asinino - mas tem horas que fica difícil. É plenamente justificavel ver o mercado se adaptar à demanda popular, mas culpar a evolução? Ou é burrice ou ignorância. Fico imaginando o editor-chefe do Estado de São Paulo dizendo que não dá mais pra viver sem blog, o Mainardi dizendo que só vai esculhambar o Lula em podcast, o Ali Kahmel mandando o casal Bonner fazer piruetas no GloboTube. Sem falar no Mução passando pra rádio online.

Venhamos e convenhamos, faça-me o favor. Eu ouço rádio até hoje não por não ter acesso a aquelas músicas. Pra isso eu tenho meu bom Soulseek e meu mp3 player velho de guerra. Mas eu ouço rádio pela seleção. Por mais que Natal seja *EXTREMAMENTE* pródiga em estações de futuro, volta e meia você ainda ouve algo legal. Algo inesperado. "Que legal, de quem é essa música?". Bléin, pode jogar essa sensação no lixo, NO MORE!

Opa. O rádio continua funcionando normalmente, mesmo depois da TV, quem dirá da ême-tevê. A TV ainda funciona depois do surgimento do Youtube, e Mainardi até já tem um podcast, mas não deixa de esbravejar através de seus dedos ferinos. Mas a MTV acha que não dá pra levar. A audiência cai, o público não tem interesse.

A MTV virou Moda Tevê, Mauricinho Tevê, Moderninhos Tevê, tudo nesse mundo. Mas onde foi parar a música?

Eu posso odiar muito do que a MTV se tornou, mas reconheço que ruim com ela, pior sem ela. Ruim com música ruim, mas pior SEM MÚSICA. Claro que eu não espero ligar a TV e ver em um streak Sultans of Swing, Soul to Squeeze, Losing My Religion, Sledgehammer, Virtual Insanity e pra finalizar um Fear of the Dark ao vivo, bem de leve. Talvez um Welcome to the Jungle também pra animar a galera. Uma Tears in Heaven pra emocionar.

Mas abdicar do mero propósito da iniciativa, que se propunha jovem, pra formar uma juventude estúpida e abusada que só quer saber de modinhas e malhação. Haja sapo pra beijar nas 24hs desse canal.

Já dizia Knopfler e Sting: I want MY MTV. MINE.

Até lá a gente canta outra coisa... talvez American Pie, se você me entende...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

taí alguma coisa que eu concordo inteiramente com vc.

12:40 PM  

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