quinta-feira, outubro 05, 2006

Convicções Políticas - Parte II

CRÔNICA - ARTUR DE CARVALHO

O incrível embate do picolé de chuchu contra a cadeira vazia

Tudo bem. Agora vai ter segundo turno. É uma boa idéia esse negócio de segundo turno. Diminuem as opções. Eu acho até que a gente devia implementar esse costume em mais situações de nossas vidas.

Tudo bem. Agora vai ter segundo turno. É uma boa idéia esse negócio de segundo turno. Diminuem as opções. Eu acho até que a gente devia implementar esse costume em mais situações de nossas vidas. É, porque, na maioria das vezes, quando existem muitas opções, a gente fica meio perdido, sem saber direito o que fazer. Por exemplo, você está numa festa, de olho numa loira maravilhosa, daquelas que parecem ter saído de um calendário da Pirelli. E você fica ali, pensando nas suas reais possibilidades diante de um mulherão daqueles, quando entra uma morena estonteante, acompanhada de uma ruiva e uma nissei de olhos amendoados. Você fica meio atordoado mas quando, dez minutos depois, a festa pára pra dar passagem para aquela mulata de um metro e noventa só de pernas, você... você... você entra em desespero, entende? E, muito provavelmente, acaba voltando pra casa é sozinho mesmo.

Ou então quando a gente abre a geladeira e encontra uma torta de frango, daquelas com catupiry, que derretem na boca. E, ao seu lado, tem umas bistequinhas de porco que ficariam simplesmente deliciosas acompanhadas de um tutu de feijão e umas mandioquinhas fritas. E, para complicar a situação, a gente abre o freezer e lá dentro encontra um dourado desse tamanho, prontinho pra ser recheado de farofa e ir pro forno. E, mais embaixo, escondidinha, ainda tem uma lasanha congelada, que a sogra tinha arrumado para casos de urgência. Aí a gente olha praquilo tudo, vai até o quintal, acende um cigarro, coça a cabeça, abre a geladeira de novo, espia as bistequinhas, abre o freezer, cutuca o dourado, fecha tudo de novo e acaba almoçando é um sanduíche de mortadela que estava ali, à mão. É nessas horas que um segundo turno só com duas opções seria muito bem vindo. Se, por exemplo, a gente só encontrasse as bistequinhas e o sanduíche de mortadela, tomar uma decisão seria bastante fácil. Mesmo se só tivesse a bistequinha e a lasanha, ou só a torta de frango e o dourado. A gente fazia um uni-du-ni-tê e mandava ver.

Agora, convenhamos, não tem segundo turno que resolva a situação do eleitor brasileiro. Quando a gente abre a geladeira e percebe que de um lado só sobrou um chuchuzinho muito do sem graça e que, do outro, só encontramos um imenso espaço vazio e mal cheiroso, tá na hora da gente pensar em levar a família para comer fora. É mais prático, saudável e muito mais seguro.


1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

mas não era pra amanhã?

levar a família pra comer fora, nesse caso, me parece com abandonar o navio ou colocá-lo a pique - como numa outra ilustração que eu li esses dias - "num navio que leva os detentores do poder os crustáceos e os ratos gostam mais de grudar e de se instalarem clandestinamente. Mas por causa desses ratos e desses crustáceos colocar o barco a pique, se ele está conduzindo o país na direção certa, isso é um equívoco.”

3:51 PM  

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