sexta-feira, agosto 11, 2006

Sobre o (fraco) movimento

Então,

Todo dia eu tenho pelo menos três boas razões pra escrever em um post aqui. Em um dia agitado, eu tenho meia dúzia delas. Verdades irretocáveis que merecem ser comentadas. Não o faço basicamente pq esqueço, entre uma ou outra coisa do cotidiano. Na medida em que eu lembrar, eu escrevo aqui. Enquanto isso, deixa eu comentar umas frivolidades...

Hoje eu li uma revista muito boa, que até já tinha lido, que comprei como meu primeiro presente de aniversário, iniciando a temporada. O nome é "marvels", mas acho que seria justo dizer que se chama "maravilhas". A temática é mostrar o mundo dos super-heróis tradicionais através das lentes de um fotógrafo comum, assim como o resto da sociedade. E para esse fotógrafo, todas essas super-criaturas nos diminuem, ao mesmo tempo que nos exaltam. Nos glorificam em nossas virtudes mais humanas como coragem, determinação, nobreza de espírito. Mas nos destratam ao esfregar em nossos olhos que elas são senhoras do universo, capazes de mudar o destino de tudo que é, enquanto nós somos apenas coadjuvantes em uma peça teatral recheada de pirotecnia.
Marvels trata de tudo que pode vir desses dois sentimentos. Desde a tietagem até o pré-conceito, que advém da primeira reação posterior ao termos contato com uma verdade que não podemos tolerar: a negação. Eles não podem ser nossos deuses, eles são nossos inimigos.

Ao mesmo tempo eu olho na tevê. Vinte e quatro aviões iam ser explodidos? Em um esquema controlado por um pequeno grupo de jovens muçulmanos que moravam em três casas na Inglaterra? Como assim? E é fácil assim? Só eu que acho essa história mal-contada?

E hoje um sujeito me trancou violentamente no trânsito, dono da rua mesmo. Fiquei claramente puto, esbravejei, dei luz alta e xinguei cinco ascendentes do cidadão antes de secretamente agradecer a deus por não ter mais buzina do carro (outro dia conto essa história) e portanto não fazer mal uso de seus poderes de aporrinhar.

Parece-me que estão todos nervosos, esperando a catarse suprema purgar o mal em cada um de nós, convertendo nossas energias sociais em uma grande comoção pública pra que ao menos por um instante, nós nos sintamos partes de um grande conjunto, em segurança, sem medo.



Continuo sem entender aonde desaprendemos a caminhar no céu e ver o futuro em nossas pequenas maravilhas... um dos meus presentes, o ceticismo da idade...